Hall é de
origem jamaicana, em 1951 mudou-se da Jamaica para Brístol. Aonde brevemente
foi para Oxford, estudou como bolsista Rhodes no Merton College, na
Universidade de Oxford, obtendo ali o seu mestrado. Nos anos 1950, após ter trabalhado na Universities
and Left Review, Hall juntou-se a E. P.Thompson, Raymond Williams e outros
para fundar a revista New Left Review – na esteira da
invasão soviética da Hungria em 1956 (que fez com que muitos membros do partido
comunista da Inglaterra se desfiliassem e procurassem alternativas à ortodoxia
soviética). Sua carreira deslanchou após co-autorar com Paddy Whannel “The
popular arts” em 1964. O convite feito por Richard Hoggart para que Hall
entrasse no Birmingham Center for Cultural Studies foi um resultado direto
dessa publicação.
Foi
nomeado professor de sociologia na Open University em 1979, Hall publicou uma
série de livros influentes, incluindo: The Hard Road to Renewal (1988), Resistance
Through Rituals (1989), The Formation of Modernity (1992), Questions
of Cultural Identity (1996) e Cultural Representations and Signifying
Practices (1997). Em 1997, Hall aposentou-se da Open University. E é um dos
teóricos mais influentes e importantes na área de estudos sociais.
Stuart
Hall inicia sua discussão sobre o tema abordado no livro explicando sua perspectiva
adotada aos leitores ¨... Este livro é escrito a partir de uma posição
basicamente simpática à afirmação de que as identidades modernas estão sendo
¨descentradas¨, isto é, deslocadas ou fragmentadas...¨. Trazendo ao longo
de sua discussão ferramentas para a compreensão da realidade de conflitos de
identidades culturais, uma questão latente no atual panorama mundial. Para tal
o pesquisador divide sua obra em seis capítulos, cada um caracterizado por se
tratarem de mudanças da perspectiva de identidade e relação do indivíduo para
com a sociedade. Sendo assim esta décima edição, 102 páginas de uma rica
discussão e valiosas informações sobre a questão da identidade.
A
leitura é interessante pois ao mesmo tempo em que o autor traça um histórico
sobre as identidades o mesmo compara com o indivíduo de hoje. Desenvolve sua
reflexão considerando a fragmentação nas sociedades modernas, apresentando de
forma simples as três concepções de sujeito presentes na modernidade; as mudanças
na modernidade tardia; e o jogo de identidades neste contexto.
Inicia-se
a discussão no primeiro capítulo a partir do sujeito no Iluminismo, como aquele
que já nasce total e único e permanece o mesmo de sua concepção até seu óbito.
Pois sua essência não se alterava, haviam traços de mudanças mas que estas não
iam de desacordo com a essência desse indivíduo. Sendo esta uma relação do
mundo pessoal do indivíduo (sua essência) e o mundo público (as suas alterações
de concepções através da relação com o outro). Articulando as transformações do
conceito de sujeito com as próprias mudanças do mundo moderno. A modernidade,
diferentemente das sociedades tradicionais que veneram e perpetuam o passado a
cada geração, caracteriza-se pela constante mudança, rompimento ou deslocamentos.
Após a ampla discussão que se tem sobre o indivíduo e as sociedades o autora
passa a discutir essas duas temáticas relacionadas com a globalização.
Com o
fenômeno da mundialização e o deslocamento das identidades culturais nacionais
Hall entende três possíveis conseqüências sobre as identidades culturais: ou as
identidades nacionais se desintegrarão como resultado do crescimento da
homogeneização cultural e do pós-moderno global; ou as identidades nacionais,
locais e particulares serão reforçadas pela resistência à globalização; ou as
identidades nacionais entrando em declínio, e novas identidades (híbridas)
estão tomando seu lugar. Hall compreende que este debate está na tensão entre o
global e o local na transformação de identidades, parecendo mais provável a produção
de novas identidades.
A
grande incógnita do autor é se as identidades estão trilhando para uma
massificação. Stuart Hall aponta para possibilidades interessantes, pois
simultaneamente cresce o interesse pelo diferente, pelo local, pelas
alteridades. Global e local interagem, estabelecem relações, acontecem trocas
ainda que irregulares, mas que diluem as fronteiras culturais em todos os
níveis. Em
oposição à
massificação global surge o revival da etnia, uma forma de manter valores
nacionais. Estes movimentos, segundo o autor, não estavam previstos e
interferem a ponto de descentrar o Ocidente, tornando o panorama mais
interessante ao reavivar aspectos particulares.
O
autor foi claro e pontual em sua discussão o que torna acessível o entendimento
de suas reflexões e despertando interesse para a leitura de outros trabalhos do
pesquisador. E a escolha do tema tida por ele é pertinente aos conflitos atuais
desde o micro, discussões sobre diferenças culturais entre alunos do primário,
até os conflitos em uma escala macro, guerras com justificativas religiosas.
HALL, Stuart. A identidade cultural
na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaraciara Lopes Louro.
- 10 ed. - Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
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