Wednesday, June 19, 2013

A identidade cultural na pós-modernidade.




       Hall é de origem jamaicana, em 1951 mudou-se da Jamaica para Brístol. Aonde brevemente foi para Oxford, estudou como bolsista Rhodes no Merton College, na Universidade de Oxford, obtendo ali o seu mestrado. Nos anos 1950, após ter trabalhado na Universities and Left Review, Hall juntou-se a E. P.Thompson, Raymond Williams e outros para fundar a revista New Left Review – na esteira da invasão soviética da Hungria em 1956 (que fez com que muitos membros do partido comunista da Inglaterra se desfiliassem e procurassem alternativas à ortodoxia soviética). Sua carreira deslanchou após co-autorar com Paddy Whannel “The popular arts” em 1964. O convite feito por Richard Hoggart para que Hall entrasse no Birmingham Center for Cultural Studies foi um resultado direto dessa publicação.
       Foi nomeado professor de sociologia na Open University em 1979, Hall publicou uma série de livros influentes, incluindo: The Hard Road to Renewal (1988), Resistance Through Rituals (1989), The Formation of Modernity (1992), Questions of Cultural Identity (1996) e Cultural Representations and Signifying Practices (1997). Em 1997, Hall aposentou-se da Open University. E é um dos teóricos mais influentes e importantes na área de estudos sociais.
        Stuart Hall inicia sua discussão sobre o tema abordado no livro explicando sua perspectiva adotada aos leitores ¨... Este livro é escrito a partir de uma posição basicamente simpática à afirmação de que as identidades modernas estão sendo ¨descentradas¨, isto é, deslocadas ou fragmentadas...¨. Trazendo ao longo de sua discussão ferramentas para a compreensão da realidade de conflitos de identidades culturais, uma questão latente no atual panorama mundial. Para tal o pesquisador divide sua obra em seis capítulos, cada um caracterizado por se tratarem de mudanças da perspectiva de identidade e relação do indivíduo para com a sociedade. Sendo assim esta décima edição, 102 páginas de uma rica discussão e valiosas informações sobre a questão da identidade.
          A leitura é interessante pois ao mesmo tempo em que o autor traça um histórico sobre as identidades o mesmo compara com o indivíduo de hoje. Desenvolve sua reflexão considerando a fragmentação nas sociedades modernas, apresentando de forma simples as três concepções de sujeito presentes na modernidade; as mudanças na modernidade tardia; e o “jogo de identidades” neste contexto.
          Inicia-se a discussão no primeiro capítulo a partir do sujeito no Iluminismo, como aquele que já nasce total e único e permanece o mesmo de sua concepção até seu óbito. Pois sua essência não se alterava, haviam traços de mudanças mas que estas não iam de desacordo com a essência desse indivíduo. Sendo esta uma relação do mundo pessoal do indivíduo (sua essência) e o mundo público (as suas alterações de concepções através da relação com o outro). Articulando as transformações do conceito de sujeito com as próprias mudanças do mundo moderno. A modernidade, diferentemente das sociedades tradicionais que veneram e perpetuam o passado a cada geração, caracteriza-se pela constante mudança, rompimento ou deslocamentos. Após a ampla discussão que se tem sobre o indivíduo e as sociedades o autora passa a discutir essas duas temáticas relacionadas com a globalização.
          Com o fenômeno da mundialização e o deslocamento das identidades culturais nacionais Hall entende três possíveis conseqüências sobre as identidades culturais: ou as identidades nacionais se desintegrarão como resultado do crescimento da homogeneização cultural e do pós-moderno global; ou as identidades nacionais, locais e particulares serão reforçadas pela resistência à globalização; ou as identidades nacionais entrando em declínio, e novas identidades (híbridas) estão tomando seu lugar. Hall compreende que este debate está na tensão entre o global e o local na transformação de identidades, parecendo mais provável a produção de novas identidades.
        A grande incógnita do autor é se as identidades estão trilhando para uma massificação. Stuart Hall aponta para possibilidades interessantes, pois simultaneamente cresce o interesse pelo diferente, pelo local, pelas alteridades. Global e local interagem, estabelecem relações, acontecem trocas ainda que irregulares, mas que diluem as fronteiras culturais em todos os níveis. Em
 oposição à massificação global surge o revival da etnia, uma forma de manter valores nacionais. Estes movimentos, segundo o autor, não estavam previstos e interferem a ponto de descentrar o Ocidente, tornando o panorama mais interessante ao reavivar aspectos particulares.
          O autor foi claro e pontual em sua discussão o que torna acessível o entendimento de suas reflexões e despertando interesse para a leitura de outros trabalhos do pesquisador. E a escolha do tema tida por ele é pertinente aos conflitos atuais desde o micro, discussões sobre diferenças culturais entre alunos do primário, até os conflitos em uma escala macro, guerras com justificativas religiosas.


HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaraciara Lopes Louro. - 10 ed. - Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

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