Wednesday, December 20, 2017

Fronteira: Paraguai e Brasil, conflitos.


            Esta pesquisa está dirigida ao contexto histórico e geográfico da área de fronteira existente entre o Paraguai e o Brasil. Pois hoje na presente região existe um conflito sobre a posse de terras em território paraguaio, compradas por brasileiros e reivindicadas por “canpesinos” paraguaios. Trata-se de um conflito rural, no qual o governo paraguaio ainda não tomou partido no que tange a que lado apoiará ou não, assim como o governo brasileiro aparentemente ainda não se posicionou sobre a questão.
              O solo e o clima dessas duas regiões são bem semelhantes ao do Oeste do Paraná, pois o solo é o que se diz de “terra roxa”, o qual caracteriza-se por ser vermelho e fértil e originar-se de decomposição vulcânica. E o clima caracteriza-se por ser em sua maior parte, do território paraguaio, subtropical úmido. Sendo assim um local propício para a agricultura e também pecuária.
            A região em conflito do Paraguai é localizada nos departamentos[1] (equivalente ao que seria em português estado) de Alto Paraná e Itapua. Situ-se na faixa de fronteira com o Brasil, a qual existe o Lago de Itaipu, construído artificialmente para atender a Usina Hidroelétrica Itaipu Binacional[2] e também o rio Paraná.
            Sabe-se que o departamento de Itapua não é fronteiriço com o  Brasil e sim com a Argentina, mas é também uma região a qual é palco do mesmo conflito existente no departamento de Alto Paraná. As pergunta a serem feitas para a continuidade da pesquisa são: Quando os brasileiros foram para o Paraguai? Por que? Para que foram? E como estão hoje?
            O contexto histórico ao qual está inserido esse processo de colonização brasileira no Paraguai se dá com o advento da Usina Hidroelétrica Itaipu Binacional, a qual desapropriou grandes áreas de terras e pagou as indenizações devidas aos seus proprietários. Que com isso migraram para o Paraguai atraídos pelas terras férteis , baratas e também a proximidade geográfica de suas origens. Houve também um incentivo para essa migração, por parte do governo ditatorial de Alfredo Stroessner, o qual via nesses imigrantes uma possibilidade de alcançar um desenvolvimento no âmbito internacional com a exportação da soja.
            O processo de migração dos agricultores brasileiros para o Paraguai não expandiu apenas a fronteira agrícola brasileira, mas também a fronteira cultural. Pois consigo levaram o método de produção agrícola cooperativista, já presente no Oeste do Paraná e também suas tradições e costumes. Existe uma hostilidade entre os produtores brasiguaios e paraguaios e isso se dá pelo fato de que os brasiguaios buscam manter suas origens e suas raízes. Sendo assim dificilmente casam-se com paraguaios, falam ainda o português e buscam sempre serem atendidos no Brasil ( em serviços de saúde, educação, entre outros ).
            Atualmente na realidade democrática a qual o Paraguai está inserido, nota-se que é um país de grande desigualdade social. Sendo assim a questão do campo um tema chave para promessas políticas. E isso se deu na campanha eleitoral do atual presidente da nação paraguaia, Fernando Lugo. O qual pertencia a um partido de oposição (APC[3]), e elegeu-se, mas até então sempre manteve uma postura de respeito com os líderes populistas da América Latina. E por isso pode ser que ainda não tenha resolvido a questão da reforma agrária e também do conflito. Mas mantém as áreas em conflito com policiamento e a legislação paraguaia também permite o porte e uso de arma de fogo para defesa. Com isso os conflitos ainda não chegaram a vias de fato, mas a tensão existente e a pressão social é grande.
            A tensão pela questão da terra no Paraguai toma uma proporção ainda maior, por esta nação ter 35% de seus habitantes vivendo em condição de pobreza extrema. E grande parte das terras produtivas se concentram em 2% da população, nesse percentual enquadram-se latifundiários brasileiros.

Referências:
CATTA, Luiz Eduardo. O cotidiano de uma fronteira: a perversidade da modernidade. Cascavel: Edunioste, 2002.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Fronteiras do Milênio. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2001.
SANTOS, Maria Elena Pires and CAVALCANTI, Marilda Do Couto. Identidades híbridas, língua(gens) provisórias-alunos "brasiguaios" em foco.Trab. linguist. apl.[online]. 2008, vol.47, n.2, pp. 429-446. ISSN 0103-1813. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-18132008000200010.



[1] O Paraguai está dividido em 17 Departamentos (departamientos), cada departamento é dividido em distritos.
[2]               A Usina Hidrelétrica de Itaipu é uma usina binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Construída por ambos os países no período de 1975 a 1982, Itaipu é, hoje, a maior usina geradora de energia do mundo
[3]    Alianza Patriotica para el Cambio.

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