Esta pesquisa está dirigida ao
contexto histórico e geográfico da área de fronteira existente entre o Paraguai
e o Brasil. Pois hoje na presente região existe um conflito sobre a posse de
terras em território paraguaio, compradas por brasileiros e reivindicadas por “canpesinos”
paraguaios. Trata-se de um conflito rural, no qual o governo paraguaio
ainda não tomou partido no que tange a que lado apoiará ou não, assim como o
governo brasileiro aparentemente ainda não se posicionou sobre a questão.
O solo e o clima dessas duas regiões
são bem semelhantes ao do Oeste do Paraná, pois o solo é o que se diz de “terra
roxa”, o qual caracteriza-se por ser vermelho e fértil e originar-se de
decomposição vulcânica. E o clima caracteriza-se por ser em sua maior parte, do
território paraguaio, subtropical úmido. Sendo assim um local propício para a
agricultura e também pecuária.
A
região em conflito do Paraguai é localizada nos departamentos[1]
(equivalente ao que seria em português estado) de Alto Paraná e Itapua. Situ-se
na faixa de fronteira com o Brasil, a qual existe o Lago de Itaipu, construído
artificialmente para atender a Usina Hidroelétrica Itaipu Binacional[2]
e também o rio Paraná.
Sabe-se que o departamento de Itapua
não é fronteiriço com o Brasil e sim com
a Argentina, mas é também uma região a qual é palco do mesmo conflito existente
no departamento de Alto Paraná. As pergunta a serem feitas para a continuidade
da pesquisa são: Quando os brasileiros foram para o Paraguai? Por que? Para que
foram? E como estão hoje?
O contexto histórico ao qual está
inserido esse processo de colonização brasileira no Paraguai se dá com o
advento da Usina Hidroelétrica Itaipu Binacional, a qual desapropriou grandes
áreas de terras e pagou as indenizações devidas aos seus proprietários. Que com
isso migraram para o Paraguai atraídos pelas terras férteis , baratas e também
a proximidade geográfica de suas origens. Houve também um incentivo para essa
migração, por parte do governo ditatorial de Alfredo Stroessner, o qual via
nesses imigrantes uma possibilidade de alcançar um desenvolvimento no âmbito
internacional com a exportação da soja.
O processo de migração dos
agricultores brasileiros para o Paraguai não expandiu apenas a fronteira
agrícola brasileira, mas também a fronteira cultural. Pois consigo levaram o
método de produção agrícola cooperativista, já presente no Oeste do Paraná e
também suas tradições e costumes. Existe uma hostilidade entre os produtores
brasiguaios e paraguaios e isso se dá pelo fato de que os brasiguaios buscam
manter suas origens e suas raízes. Sendo assim dificilmente casam-se com
paraguaios, falam ainda o português e buscam sempre serem atendidos no Brasil (
em serviços de saúde, educação, entre outros ).
Atualmente na realidade democrática
a qual o Paraguai está inserido, nota-se que é um país de grande desigualdade
social. Sendo assim a questão do campo um tema chave para promessas políticas.
E isso se deu na campanha eleitoral do atual presidente da nação paraguaia,
Fernando Lugo. O qual pertencia a um partido de oposição (APC[3]),
e elegeu-se, mas até então sempre manteve uma postura de respeito com os
líderes populistas da América Latina. E por isso pode ser que ainda não tenha
resolvido a questão da reforma agrária e também do conflito. Mas mantém as
áreas em conflito com policiamento e a legislação paraguaia também permite o
porte e uso de arma de fogo para defesa. Com isso os conflitos ainda não
chegaram a vias de fato, mas a tensão existente e a pressão social é grande.
A tensão pela questão da terra no
Paraguai toma uma proporção ainda maior, por esta nação ter 35% de seus
habitantes vivendo em condição de pobreza extrema. E grande parte das terras
produtivas se concentram em 2% da população, nesse percentual enquadram-se
latifundiários brasileiros.
Referências:
CATTA, Luiz Eduardo. O cotidiano de uma fronteira: a
perversidade da modernidade. Cascavel: Edunioste, 2002.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Fronteiras do Milênio.
Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2001.
SANTOS, Maria
Elena Pires and CAVALCANTI, Marilda Do Couto. Identidades híbridas,
língua(gens) provisórias-alunos "brasiguaios" em foco.Trab. linguist. apl.[online]. 2008,
vol.47, n.2, pp. 429-446. ISSN 0103-1813. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-18132008000200010.
No comments:
Post a Comment